segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

As tradições, os ditos e os costumes rebuscados de um ano bissexto.



Dia 29 de Fevereiro. Cá estamos no dia mais representativo e simbólico de um ano bissexto. 

Alimentada pela curiosidade que me caracteriza e após alguma pesquisa, descobri que o dia 29 de Fevereiro, para alguns povos, é mais do que um dia para ajuste de Calendário.

Pequenas lendas povoam o nosso Globo. Factos bizarros, outros apenas estranhos. Mais ou menos floreados pelos contos e ditos de boca em boca ou fundados em bases e factos verídicos, eis alguns: 

Tradição Celta (Irlanda do Norte)


Esta é a lenda mais associada a este dia e a mais difundida, também. Já a conheço há uns anitos.
Diz-se que, no início do Século V, Santa Brígida terá "confrontado" São Patrício sobre o tempo que as mulheres tinham de aguardar para que um pretendente se decidisse a pedi-la em casamento - estamos a falar de anos e anos a fio!. Ora, St. Patrick terá dito que poderiam, então, também as mulheres fazê-lo (pedir um homem em casamento) mas somente no dia 29 de Fevereiro, sendo, então, possível, de 4 em 4 anos serem elas a "tomar as rédeas" da proposta.

Em termos factuais, existem registos do Século 13, onde a Rainha Margarida da Escócia terá implementado leis no sentido de que tal pedido fosse aceite pelos homens ou, no caso deste recusar, incorresse da obrigação de respeito que se traduzia no pagamento de uma "prenda compensatória da rejeição". O pagamento poderia ir de um beijo, uma libra, chegando mesmo ao pagamento de vestidos de renda ou dos melhores tecidos à escolha da "mal amada".


América do Norte (E.U.A.)



O dia 29 de Fevereiro seria usado para assinalar o "Sadie Hawkins Day", onde uma corrida era realizada. Enganam-se se pensam que falamos de uma corrida com um fim desportivo. A corrida era protagonizada pelas jovens menos bonitas da comunidade que corriam atrás dos seus "pretendentes". Quem elas conseguissem apanhar e "carregar" até à meta, tornar-se-ia no seu sortudo marido.


Ainda nos Estados Unidos, sendo costume mais recente, li que há uma “capital mundial do ano bissexto”. Na verdade, isto acontece nas duas cidades gémeas Anthony, no Texas, e a sua homónima, no Novo México. Nesta região, há um festival de 4 dias que acontece em todos os anos bissextos, o qual inclui a comemoração de um "mega" aniversário para os nascidos em 29 de Fevereiro, mediante documento comprovativo de identidade.



Países Nórdicos (Finlândia e Dinamarca)






Na Finlândia também na sequência das mulheres se proporem aos homens, caso eles recusassem ficariam "obrigados" à compra de tecidos para uma saia ao gosto da rejeitada!

A tradição dinamarquesa diz que o homem que rejeitasse o pedido teria de pagar à mulher renegada 12 pares de luvas (o que até dava jeito num país tão frio!).





Mediterrâneo (Grécia e Itália)



Na Grécia a história tem outro contorno. No dia 29 de Fevereiro nada de pedidos de casamento vindo de nenhuma das partes. Aliás, o ano bissexto não era um ano para casamentos, pois consideravam ser um ano de azar. Diz-se que em 5 casais um fazia de tudo para que a data do enlace não se assinalasse nesse ano.

Na Itália existe um provérbio muito antigo que diz "Anno bisesto, anno funesto." Tais palavras remetem para a "malignidade" deste ano, em que as pessoas teriam de ter muitos cuidados.


Os factos científicos e os seus registos históricos....


Um ano possui 365,242189 dias, o que quer dizer 365 dias, 5 horas, 48 minutos e 45 segundos. Como o calendário que seguimos não inclui esse ¼ de dia a mais, a cada quatro anos são adicionadas 24 horas à contagem para que esta falha seja corrigida. Se este "ajuste" não fosse feito, cada século que completássemos teria 24 dias a menos. Porém, até os anos bissextos têm de seguir uma regra de excepção. Caso se assinalasse, sempre de 4 em 4 anos mais um ano bissexto, a soma das horas a mais em cada dia também não resultariam, pois sobrariam 4 dias em 100 anos. A introdução do ano bissexto, como é utilizada hoje, foi proposta pelo Papa Gregório XIII no século 16 (Calendário Gregoriano) e é a forma de contagem aceite em todo o Mundo. Antes do Papa, o dia extra no calendário já existia desde o ano 46 A.C., introduzido pelo general romano Júlio César, porém com um cálculo não tão correto. César instituiu que todos os anos divisíveis por 4 seriam bissextos.Se a regra de César fosse mantida, teríamos o ano bissexto a cada 4, sem excepção. Pois bem, o cálculo do líder romano não fechava correctamente, apesar de ter sido compreendido de uma boa maneira. A verdade é que um dia extra a cada 4 anos é uma quantidade muito grande para fazer a correcção no calendário. Assim, a regra gregoriana é de que há um ano bissexto em todos os anos divisíveis por 4, excepto aqueles que também forem divisíveis por 100 e não por 400. Assim, tivemos o ano 2000 como bissexto, enquanto 1700, 1800 e 1900 não o foram. No formato de Júlio César, todos esses receberiam um dia a mais no calendário.


E vocês já ouviram falar destes costumes e tradições? Sabem de outros além destes? Contem-nos! :)